Consta que em 1700, a ilha de São Miguel foi abalada por fortes e repetidos tremores de terra. Duravam estes há já vários dias, quando as pessoas se juntaram e levaram, em procissão, a imagem do Senhor Santo Cristo dos Milagres. Caminharam todos descalços e assim que a venerada imagem se aproximou da rua, a ira divina amainou. Durante a manhã as ruas - por onde passa o andor - preparam-se e revestem-se de tapetes florais (pétalas e aparas de madeira tingida) fantásticos na cor, nos padrões e no aroma. É fascinante a forma como as pessoas se organizam e «pintam» a cidade. Hoje em dia pede-se para que as pessoas não caminhem descalças ou de joelhos mas ainda existe muita gente que paga as suas promessas dessa forma «autoflagelante». Enquanto a cidade se veste de cores algumas as pessoas vão chegando, de cadeira ou banco debaixo do braço, escolhem (mas cedo) e apropriam-se do lugar onde querem assistir à passagem da figura. Deixam-se ficar pacientemente...têm ainda muitas horas pela frente.
No Campo concentra-se um mar de gente à espera de integrar o inicio da procissão e também muitas pessoas se juntam apenas para assistir. O percurso da imagem não sendo muito grande leva horas a fazer-se. Os homens de opa vermelha que transportam o andor
fazem parte da irmandade. A integração na procissão é absolutamente hierarquizada, pré determinada e de manifesta aceitação popular. Depois da figura passar (carregada apenas por alguns) vêm as mulheres em número infinito (vestidas, maioritariamente, de preto, de seguida, as instituições sociais
instituições socais e governamentais. A ilha mostra-se e parece não faltar ninguém na «passerelle»... os últimos são os Bombeiros Voluntários. O andor é pesadíssimo e quando regressa ao ponto de partida já o sol desapareceu faz algum tempo. As pessoas vão desmobilizando e vão ao encontro da família e/ou amigos que por ali se encontram para jantar nas barraquinhas com comes e bebes. Os toldos da feira com venda de artigos diversos (doçaria, roupa, artesanato e quinquilharias...) permanecem abertos e ao serviço de todos...
3º dia.
O terceiro dia da festa (o dia seguinte à procissão) é feriado. Começam por fazer-se as «arrematações» de gado e depois usufrui-se de toda a infraestrutura montada para o evento. Este ano a iluminação é prolongada (até o próximo fim de semana) acompanhando o encerramento das «barraquinhas» e... para o ano há mais!
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